Cobrança da Tarifa de Esgoto em 80% dos 100% da Água Consumida
“Não entendo por que tenho que pagar quase o mesmo preço da água por algo que estou jogando fora, que é o esgoto”. A dúvida da dona de casa Elza Oliveira Leuken, de Serramar, na Serra, também passa pela cabeça de muita gente. Por que é preciso pagar pela tarifa de esgoto? A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) explica que o cidadão não paga somente pelo escoamento do esgoto, pois existe todo um processo de tratamento para que esse efluente retorne para a natureza de forma adequada.
Segundo Luiz Cláudio Rodrigues, gerente de Operação Metropolitana Norte, a Cesan tem um custo para levar água potável para a residência das pessoas, pois envolve todo um aparato pessoal e tecnológico para a captação dessa água, tratamento e consequente distribuição. Há consumo de energia elétrica, manutenção das tubulações, pessoal, produtos químicos usados no tratamento, manutenção da logística de distribuição.
Ele explica que o processo do esgoto é totalmente independente do da água e trata-se de outra prestação de serviço, pois há uma estrutura específica para a coleta e o tratamento do esgoto. “Quando o cidadão dá descarga em sua residência ou comércio, o esgoto segue para a rua, onde é coletado por tubulações, que por gravidade conduz o esgoto até as elevatórias onde o mesmo é bombeado até chegar às Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Há custo de manutenção das redes coletoras, caminhões de jato vácuo (para desobstrução), operação e manutenção das elevatórias e das estações de tratamento”.
Rodrigues avalia que o tratamento é essencial para uma vida sustentável: “essa é uma forma de garantir que as gerações futuras também usufruam de um planeta saudável”. Para Kátia Côco, diretora de Saneamento Básico e Infraestrutura Viária da Agência Reguladora de Serviços Públicos (ARSP), além do meio ambiente saudável, o sistema de tratamento de esgoto também representa saúde: “O contato da população com o esgoto reverte na proliferação de diversas doenças. Estudos comprovam que cada R$ 1,00 investido em saneamento, representa uma economia R$ 4,00 em saúde”.
De acordo com a diretora da ARSP, a tarifa de esgoto custa ao consumidor 80% da de água, uma porcentagem recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, como coeficiente de retorno. Kátia explica que 80% da água que é consumida nas residências, parte retorna na forma de esgoto, desses, 20% são perdidos na rega de jardins, evaporação, consumo de alimentos, entre outros.
“É importante que a população se conscientize que, a partir do momento que ela tem um serviço de esgoto, ela tem um serviço diferente do que o de água. É um serviço adicional, que consiste na coleta pública e transporte do material até as estações de tratamento, onde o esgoto tratado para depois ser devolvido ao meio ambiente dentro dos padrões ambientalmente adequados. Ter o esgoto coletado e tratado implica na redução da poluição e, progressivamente, para ter praias mais limpas, balneáveis e com condições melhores do que seriam, caso não houvesse o tratamento do esgoto”, finaliza Kátia.